KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
No feriado de 12 de Outubro, teve repercussão nas redes sociais uma carta do juiz federal Sergio Moro publicada na “Folha de S.Paulo”. O juiz criticou o jornal por ter publicado um artigo do professor da Unicamp e conselheiro editorial Rogério Cezar Cerqueira Leite.
Numa democracia, é natural que alguém que se considere ofendido por um artigo envie uma carta ao jornal, que tem um espaço justamente para manifestação de leitores. Esse espaço também funciona como válvula de escape para pessoas que são mencionadas no noticiário do veículo e queiram contestar reportagens ou artigos de opinião. Até aí, o juiz Sergio Moro exerceu um direito de resposta democrático. Ele poderia até escrever um artigo rebatendo a visão de Cerqueira Leite.
Mas também é normal numa democracia que figuras públicas e poderosas, como é o caso de Sergio Moro, sofram críticas. E essas figuras têm de saber lidar com elas. São ossos do ofício.
Nesse ponto, houve um erro do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba. É direito dele considerar “lamentável” que a Folha dê espaço a um artigo que o comparou a um frei dominicano florentino fanático e moralista do século 15, Girolamo Savonarola.
No entanto, é preocupante que o juiz diga que “deveriam ser evitadas” a publicação “de opiniões planfetárias-partidárias que veiculam somente preconceito e rancor”. Não cabe a um juiz exercer o papel de editor de jornal. Esse tipo de atitude é autoritária e perigosamente moralista para quem detém tanto poder como Moro. Soa como tentativa de interferência na liberdade de imprensa, sugerindo controle prévio de informações e críticas.
Leia o artigo de Cerqueira Leite sobre Moro e o PSDB:
http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/10/1821713-desvendando-moro.shtml
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