terça-feira, 15 de abril de 2025

Nomeação de Pedro Lucas balança após apoio do União Brasil ao PL da Anistia

Após quase 70% dos deputados do União Brasil assinarem urgência da anistia aos golpistas, o presidente pode optar por outro nome para as Comunicações


 A possível nomeação do deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) para o Ministério das Comunicações está ameaçada após um movimento interno da bancada do União Brasil expor o distanciamento da legenda em relação ao Palácio do Planalto. Segundo Valdo Cruz, do g1, 40 dos 59 deputados do partido – o equivalente a 67,7% da bancada na Câmara – assinaram o requerimento de urgência para o projeto que prevê a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A adesão maciça ao requerimento, proposto pelo PL, acendeu um alerta no governo Lula (PT). A nomeação de Pedro Lucas, que já enfrentava resistência interna, pode ser retirada da mesa. Além disso, a ala oposicionista do União Brasil já articula, segundo interlocutores da legenda, a entrega formal do Ministério das Comunicações na próxima semana, após o feriado da Semana Santa.

Três ministérios e um partido dividido - O União Brasil ocupa atualmente três ministérios no governo: Desenvolvimento e Integração Regional (ligado aos senadores da legenda), Turismo e Comunicações. A ideia inicial era que Pedro Lucas assumisse a pasta das Comunicações após a Semana Santa. Ele chegou a pedir ao presidente Lula um tempo para articular a substituição de seu nome na liderança do partido por alguém da ala governista. Mas a ofensiva dos deputados que apoiaram a urgência da anistia pode inviabilizar essa transição.

Segundo a avaliação de articuladores do governo, a expectativa era de que ao menos metade da bancada do União Brasil se mantivesse alinhada ao Planalto e rejeitasse a anistia. O resultado, no entanto, mostrou o contrário e acirrou as divisões internas do partido, que passa a ser visto por líderes governistas como um aliado instável.

PSD também desafia o Planalto - O PSD, outra sigla com três ministérios na Esplanada – Agricultura, Pesca e Minas e Energia –, também demonstrou significativa dissidência. Dos 44 deputados da legenda, 23 (52,2%) assinaram o requerimento de urgência para a anistia. Integrantes do partido relatam que as queixas à condução do governo não são novas e que o Planalto foi alertado sobre a insatisfação da bancada.

A insatisfação da base aliada - Das 262 assinaturas válidas no requerimento de urgência, 146 partiram de deputados de partidos que fazem parte formal da base governista e têm ministérios. O gesto, interpretado como uma afronta ao Planalto, pressiona o presidente Lula a decidir como lidar com os aliados que se distanciaram da orientação do governo.

Apesar da frustração com a infidelidade parlamentar, líderes governistas avaliam que qualquer tentativa de retaliação pode ser prejudicial. Um articulador ouvido pela reportagem do g1 reconhece o dilema: “vamos depender desses infiéis ainda, como lidar com eles agora pode complicar futuras votações”.

Entre as matérias de interesse direto do presidente Lula está o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Em votações como essa, o governo precisará justamente dos votos dos partidos que agora se mostram pouco confiáveis.(247)

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