quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

HENRIQUE A. PEREIRA – Perfil sinótico desse Grande Homem


• Dorian Riker Teles de Menezes


"Nenhum grande homem vive em vão. A história do mundo não é senão a biografia dos grandes homens."

Thomas Carlyle


A história do mundo representa o resultado do trabalho e das conquistas de mulheres e homens que ultrapassaram as barreiras da acomodação, abandonaram a zona de conforto e enfrentaram desafios, confiantes em que a felicidade está no caminhar a jornada da vida com otimismo, conscientes de que as sombras ficam sempre atrás de quem enfrenta o sol.

Ainda acadêmico de Direito, por sua eloquência, retórica apurada e ótima dicção, era requisitado para falar em muitos eventos e até já se apresentava em tribunais de júri, atraído pelo fascínio que o ideal de justiça sempre exerceu em sua atividade jurídica.

Recém-formado, aceitou deslocar-se de São Luís, para Carolina (MA), para ingressar no quadro funcional do Banco do Brasil. Corria o ano de 1962. Naquela época, sua decisão configurou dimensões de verdadeira aventura. Sair da capital, no momento em que estava preparado para exercer a advocacia que desde aquela época se lhe antevia brilhante, parecia um despropósito. Mas, dotado de espírito destemido e indomado, queria conhecer o sertão, ver de perto a realidade do interior e poder ajudar a população com as ações fomentadoras daquele que era o maior banco agrícola do mundo.

Em Carolina integrou-se com facilidade nesse horizonte novo para ele, tendo servido como professor, participando, também do Rotary Club e da Maçonaria.

Ali, bem ali, aformoseando a cidade, estava o Rio Tocantins e a casa verde. Esse idílico rio que encanta o visitante é o mesmo que iria encontrar em sua estação seguinte. Eis que, instado pelo Banco, aceitou ser subgerente na agência que seria instalada em Imperatriz(MA).

A agência em Imperatriz foi inaugurada em 10.03.1964. Henrique, além dos afazeres imensos decorrentes da função, ainda tinha que ensinar as rotinas a um grupo de precários (funcionários neófitos), oriundos de São Luís e de Belém. Mas agora, afora o reencontro com o rio, teve de enfrentar uma cidade em formação. A Rodovia Belém-Brasília era apenas uma estrada com pontes improvisadas – quase um caminho –, vindo a ser asfaltada somente no início da década seguinte.

A cidade, naquele período, virou um caldeirão político, com a cassação do Prefeito pela Revolução que se instalara em 31.03.1964. Após esses eventos, o clima jamais foi de normalidade, tendo em vista o surgimento da guerrilha do Araguaia que exerceu sérios influxos ao ambiente regional.

Se Carolina, uma pacata e tradicional cidade, inicialmente parecia uma aventura, Imperatriz, então, seria mais que uma odisséia romanesca no sertão maranhense, cheia de ocorrências singulares. Nessa cidade que já traz majestade no nome, Henrique mais uma vez brilhou. Foi professor, fundou o primeiro Rotary Club e a primeira Loja Maçônica e ajudou a muitos. Foi o período heróico por excelência, de muito trabalho, mas de grandes realizações.

Voltando a residir em São Luis, ingressou na carreira jurídica do Banco por longo tempo, tendo-se aposentado como chefe da Assessoria Jurídica, não sem antes passar por quase todas as mais de oitenta agências espalhadas pelo estado, defendendo os interesses do Banco.

Além de ter assumido funções de grande relevo tais como Grão Mestre do Grande Oriente do Maranhão e de Juiz Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, no período de l987 a 1993, nomeado pelo Presidente da República e duas vezes reconduzido ao cargo, indicado que foi pelo Conselho Estadual da OAB, exerceu a Subprocuradoria-Geral do Estado e outros cargos onde sempre se houve com elogiável atuação.

Imperatriz, apesar dos anos passados, jamais esqueceu de sua inestimável contribuição, tanto que lhe foi outorgada a Medalha Frei Manoel Procópio, maior comenda concedida pela municipalidade a pessoas que se destacam pela contribuição ao seu desenvolvimento socioeconômico e cultural. Manifestações de apreço de entidades várias também sedimentam sua estreita ligação com aquela cidade.

Sua trajetória como advogado é reconhecidamente apreciável, tanto é que já pertenceu ao Tribunal de Ética da OAB, foi Conselheiro Estadual da ordem, presidente e membro de comissões importantes. É membro da Academia Maranhense de Letras Jurídicas e preside o Instituto dos Advogados do Maranhão. Sua militância jurídica continua em ritmo intenso, trabalhando em dois expedientes diários.

Hoje assumirá a presidência da Academia Maçônica de Letras, atividade na qual, como nas demais entidades em que atuou, deverá imprimir sua marca exemplar de trabalho, dedicação e extremado comprometimento ético.

Nesta resenha perfunctória desvela-se o perfil desse extraordinário homem que enobrece a Ordem dos Advogados e a todos os que privam de sua convivência.

*Advogado, ex-Superintendente do Banco do Brasil, ex-Deputado e ex-Interventor Estadual em Imperatriz. (docriker@uol.com.br)

NOTA: Este artigo foi originalmente escrito em 02.06.2009, ocasião de sua posse na presidência da Academia Maçônica de Letras.

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