segunda-feira, 4 de setembro de 2023

‘Último dos radicais’, Malafaia entra na mira do Ministério da Justiça

Pastor evangélico ataca ministros do STF, incita generais a meterem o ‘pé na porta’ e diz que se for preso seus advogados não irão tentar tirá-lo da cadeia

Governo do DF monitora uso de vídeos do pastor Silas Malafaia para incitar atos antidemocráticos em 7 de setembro.

Um dos mais radicais apoiadores de Jair Bolsonaro, o pastor evangélico Silas Malafaia está no radar do Ministério da Justiça por suspeita de incitar atos antidemocráticos no feriado de 7 de setembro, na próxima quinta-feira. Nas últimas semanas, o líder da Assembleia de Deus intensificou os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelas redes sociais — tendo o ministro Alexandre de Moraes como principal alvo –, o que preocupa autoridades sobre uma possível repetição dos tumultos de 8 de janeiro, quando bolsonaristas insatisfeitos com a derrota do ex-presidente nas urnas depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Ao contrário da grande maioria dos apoiadores do ex-presidente, que baixaram o tom dos ataques às instituições após as prisões em massa de bolsonaristas no 8 de Janeiro, Malafaia segue na sua ofensiva. Em vídeo gravado em agosto, Malafaia xinga Moraes de “ditador de toga” e diz que falta ação de “meia dúzia de generais de quatro estrelas covardes e frouxos” por falharem em “botar o pé na porta” contra supostos abusos cometidos pelo Judiciário.

O conteúdo foi enviado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ao governo do Distrito Federal, que realiza nesta segunda-feira, 4, uma reunião do Gabinete de Mobilização Institucional criado para monitorar e coibir ações violentas no feriado do Dia da Independência em Brasília. Em resposta, o pastor afirmou em evento no último domingo, 3, que proibiu seu advogado de apresentar um pedido de habeas-corpus caso seja preso. “Me deixa lá, porque se Deus quiser usar isso pra derrubar esses caras, eu sei o preço que se paga”, disse.

Aliado bolsonarista de primeira hora, Malafaia participou de cerimônias do 7 de setembro ao lado de Bolsonaro em 2021 e 2022 e chegou a ser cogitado como seu vice para as eleições presidenciais do ano passado. Em seu canal no YouTube, o pastor faz defesa ferrenha do ex-presidente contra investigações judiciais, acusa Alexandre de Moraes de “destruir a democracia” e pede a renúncia de Luís Roberto Barroso, também do STF.

Malafaia também é um dos mais barulhentos críticos às prisões de envolvidos nos atentados de 8 de janeiro, a quem ele chama de “irmãos”, embora o Supremo já tenha firmado entendimento com a Procuradoria-Geral da República (PGR) para suspender os julgamentos contra mais de mil denunciados por atuação nas manifestações e firmar acordos de não persecução penal.

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