quinta-feira, 30 de maio de 2019

Festa italiana

Carlos Nina


Após a Segunda Guerra Mundial os italianos foram às urnas, em 2 de junho de 1946, para decidir sobre a forma de governo que queriam para o País. Vencida a monarquia, venceu a república. Essa a razão pela qual a Itália fez desse dia o feriado nacional comemorativo da Festa da República Italiana.

Com a lei n. 11.687/2008, o Brasil instituiu oficialmente o Dia Nacional do Imigrante Italiano. A lei é também de 2 de junho, mas a data escolhida para a comemoração foi 21 de fevereiro, dia em que, no ano de 1874, deu-se a expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, considerada o marco inicial do processo de migração massiva dos italianos para as terras brasileiras.

Sendo uma das maiores colônias italianas fora da Itália, os imigrantes da terra de Dante Alighieri comemoram, dia 2 de junho, com suas comidas típicas e bons vinhos, a Festa da República, ao som da bela música italiana.

A riqueza patrimonial da Itália é tão relevante que o país detém o maior número de lugares declarados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Essa riqueza certamente inspirou o historiador Cesare Cantu (1804-1895), escritor profícuo e autor da alentada coleção História Universal, e para quem, “quanto mais a humanidade se adianta no seu caminho, tanto mais ela sente a imensa necessidade do verdadeiro, do belo e do bom”, afirmação com que abre sua obra, com o capítulo sobre a Importância da História. (São Paulo, Edameris, 1967. Vol. I, p. 19).

Mais recente, o polêmico Yuval Noah Harari (1976-) registra que, com os impostos arrecadados de seus mais de 100 milhões de súditos, o Império Romano financiava não só seu exército de 250 a 500 mil soldados, mas “uma rede rodoviária ainda em uso quinze séculos depois e teatros e anfiteatros que abrigam espetáculos ainda hoje”. (Sapiens - Uma breve história da humanidade. 26ª ed. Porto Alegre, L&PM, 2017. p. 113).

As construções modernas de Roma convivem com monumentos milenares e é impossível ao transeunte que os vê não se transportar ao passado e imaginar os acontecimentos que marcaram aqueles lugares, como o Coliseu, construído no primeiro século d. C., imponente triunfo da arquitetura e da engenharia, apesar de misterioso, pela angústia que suscita a simples notícia do que nele se passava.

A influência dos romanos foi muito além dos limites do Império, no espaço e no tempo, como assinala Harari (p. 191): “A confiança nas moedas de Roma era tão forte que, mesmo fora das fronteiras do império, as pessoas aceitavam de bom grado pagamento em denários”, moeda cunhada pelo Império Romano. O nome da moeda romana tornou-se “uma denominação genérica para moedas. Califas muçulmanos adaptaram o nome ao árabe e criaram os ´dinares´. Dinar ainda é o nome oficial da moeda da Jordânia, do Iraque, da Sérvia, da Macedônia, da Tunísia e de vários outros países.”

Os italianos estão de parabéns pela data festiva e têm tudo para comemorar todos os dias, pela sua riquíssima história e valiosa contribuição que deram à cultura ocidental, nas artes, na literatura e nas ciências, especialmente o Direito, e que perdura e se estende no convívio saudável e enriquecedor dos imigrantes com o povo que os acolheu.

Carlos Nina
Advogdo

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