sábado, 11 de maio de 2019

Poder divino



Carlos Nina


Há poucos anos trabalhei na defesa de um jovem que havia, na companhia do irmão, assassinado o pai. Ao ser interrogado sobre sua família, ele respondeu: - Família???!!!. A juíza perguntou: - Você sabe o que é família? A resposta foi um silêncio que emudeceu a sala do júri.

A base de uma sociedade saudável é a família igualmente saudável. Essa afirmação poderia exigir uma prévia conceituação do que entendo por base, sociedade, saudável e família. Parto, porém, do pressuposto de que esses conceitos são mais ou menos comumente entendidos da mesma forma, apesar de algumas ideologias e até religiões terem concepções diferentes para cada um desses termos.

Os riscos dessa base, ou seja, da chamada célula mater da sociedade, ser destruída não são divagação verbal, mas algo concreto, cujas provas são evidentes. Mas nem as menciono ou analiso para evitar discussão ideológica, que, para mim, está superada. Até porque há muito deixou de ser uma discussão, um debate educado, e passou a ser um confronto movido por ambição, obsessão, violência e terrorismo, com sustentação na ignorância que seus protagonistas alimentam para que lhes sejam ignorados e até relevados os seus crimes.

De volta, portanto, à família, tem ela, também, uma base: a mulher, a mãe, a quem é dedicado o mês de Maio.

O objetivo deste texto, portanto, não é proclamar nenhuma verdade. Esta pertence àqueles que a detém no umbigo, foco de onde não tiram a vista e buraco onde supõem estar os segredos das únicas verdades do mundo, as suas. 

Assim, em que pese atravessar essa seara arriscada ao longo do corredor polonês que patrulha as ideias, o pensamento, as opiniões e a manifestação dos outros, é para homenagear quem, de fato, tem papel fundamental na sociedade.

Apesar de a Bíblia afirmar que a mulher deve ser submissa ao marido (Ef 5:22), diz antes, nos Provérbios (14:1), que “A mulher prudente edifica a sua casa; a insensata destruirá com suas próprias mãos a que está já feita”.

Esse poder que a mulher tem, acredito, decorre da própria maternidade. Penso que a violência contra a mulher não se dá pela natureza de gênero, mas tanto porque incomoda aquele poder que a mulher detém – decorrente da prudência ou da insensatez -, como porque seja fisicamente mais frágil.

Valem-se os covardes da fragilidade feminina para a agredir, violentá-la. Como o fazem com crianças e idosos. Tanto isso é fato que, para fazer o mesmo com outro homem, os covardes sempre o fazem em bandos.

Assim, enquanto a insensatez não fizer do Estado o dono totalitário das pessoas, fazendo das mulheres apenas reprodutoras, ou a tecnologia não descartar a reprodução humana, só a família dará humanidade aos sobreviventes.

Força interior, inteligência emocional e sabedoria da mulher prudente fazem-na a pessoa mais importante nesse processo, pois é dela o cargo que nenhuma tirania jamais lhe tirará: o de mãe.

Essa função exige paciência, dedicação, tolerância, zelo, sensibilidade, doação de amor, requisitos essenciais à construção e sobrevivência da sociedade sadia.

Esse é o poder de que a humanidade precisa.

E Deus o conferiu à mulher, aquela a quem deu o privilégio da maternidade.

Carlos Nina
Advogado

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