segunda-feira, 6 de setembro de 2021

90 Anos do Lítero Português


*Luiz Gonzaga Martins Coelho


Criado em 06 de agosto de 1931, o Grêmio Lítero Recreativo Português completou este ano 90 anos de fundação.

Para celebrar a data, seu atual Presidente Carlos Nina, convidou a sociedade maranhense para na livraria e espaço cultural na AMEI, no São Luís Shopping, participar do lançamento do livro “Lítero Português: 90 anos da história de São Luís”, de autoria das irmãs trigêmeas Ada, Laís e Lara Mesquita, oportunidade em que uma das coautoras usou da palavra para fazer uma abordagem da obra, relatando momentos significativos sobre a história do GLRP e sua relação cultural, esportivo, econômico e político com a cidade de São Luís.

Para registrar de forma indelével passagens marcantes de personagens inesquecíveis o livro, fonte de ampla e criteriosa pesquisa, traz registros históricos de sua rica memória, onde por meio de fotografias, documentos, acontecimentos e depoimentos de personagens que marcaram época daquele clube. O livro exalta a história vivida por vários atores sociais, destacando-se os ex-Presidentes Antônio da Silva Borges, Avelino Ribeiro de Faria, Manoel Mathias das Neves Filho, Carlos Gomes Martins, Manoel Alves Ferreira, Antônio D’ Oliveira Maia, Carlos Ramos Amorim, Manoel da Silva Vilas Boas, Heloizo Gerônimo Leite, José da Silva Vilas Boas, Luís Pedro da Silva dos Santos, Osvaldo Barros dos Santos, Carlos Sebastião Nina e José Maria Alves da Silva, este último meu sogro, filho do casal Manoel Alves dos Santos e Silva e Maria de Lourdes Abreu Santos e Silva, que além de ter presidido o Grêmio Lítero Recreativo Português, exerce atualmente a liderança do Conselho Deliberativo e dirige a Sociedade Humanitária 1º de Dezembro.

Durante o evento foi promovido a entrega dos prêmios aos vencedores do concurso de texto GLRP 2021, cujo tema central foi “a presença portuguesa em São Luís: arquitetura, culinária, cultura, economia e política” e fomos ainda brindados com a belíssima palestra magna proferida pelo Professor Alberto José Tavares Vieira da Silva, que na condição de convidado especial e Presidente da Comissão do Projeto Fênix, destacou a importância dos colonizadores portugueses para o contexto administrativo, econômico e social da nossa capital, fazendo uma profunda análise sobre as raízes e contextos históricos da fundação de São Luís.

Com a sabedoria que lhe é peculiar, nosso eterno mestre Alberto Tavares, abordou que São Luís apesar de oficialmente fundada por Franceses e invadida por Holandeses foi predominantemente colonizada pelos Portugueses de quem guardamos a mais rica e exuberante arquitetura, marca das belíssimas construções de nossos casarões históricos presentes em cada rua de nossa cidade, patrimônio da humanidade. Somando-se a isso, ressaltou ainda a forte influência que herdamos de Portugal, observada na língua que falamos, na nossa culinária, religião, folclore, enfim nas atividades comerciais propulsoras do desenvolvimento de nosso Estado.

Há um ditado popular em que, de forma hilária, as pessoas dizem “quem vive de passado é museu”. Há um outro ditado, ao qual me filio que afirma “infeliz daquele que não conhece sua história, pois quem não conhece a história, não vive o presente e compromete o futuro”.

Memória e história são lugares que coexistem. Não se pode falar de história se não houver memória, lembranças e reminiscências. Em se tratando de um clube quase secular, há muitas recordações.

Emanuelle e Luiz Gonzaga Martins Coelho

Embora pertença a uma geração que nasceu nos anos 1960, tendo vivido minha infância no interior do Maranhão e somente chegado em São Luís no ano de 1976 em busca de estudos, lembro-me das badaladas festas e bons tempos daquele clube. Embora tivesse eu o desejo de frequentar suas badaladas festas, não possuía a carteira de sócio e nem à época mantinha relações pessoais com descendentes de portugueses que me permitissem acesso, mas recordo-me de um momento memorável e inesquecível que marcou profundamente minha vida no ano de 1990, quando ali ocorreu a festa de formatura da minha turma do curso de Direito da UFMA, por destacar-se à época como o melhor e mais imponente clube da cidade. Minha esposa Emmanuelle, filha e neta paterna de portugueses, conta-me com muito orgulho, lembranças de uma infância vivida naquele complexo de lazer, recordando-se com emoção dos famosos bailes carnavalescos e das tradicionais festas de debutantes do mês de dezembro, além das serestas de sexta-feira, com participação de seus pais e saudosos avós.

O reconhecimento daquilo que um dia marcou a sua história como lugar para alimentar o espírito é precioso e vital, tornando-se parte integrante da vida de muitas pessoas que por ali passaram e deixaram lembranças inesquecíveis. De maneira destacada, o Lítero participou ativamente ao longo de sua trajetória e gerações, da vida dos ludovicenses, sendo local de congraçamento e lazer dos nativos portugueses e da fina flor da sociedade maranhense.

Confesso minha alegria de haver testemunhado essa belíssima iniciativa, pois nos cargos que exerci no Ministério Público, quer como Presidente da AMPEM, quer seja como PGJ sempre dei especial atenção e destaque a valorização de memorial para preservação da história, pois como afirmou o grande pensador e estadista Cícero “a história é testemunha do passado, luz da verdade, vida da memória e mestra da vida”.

Congratulo-me com a atual diretoria e todos os envolvidos que contribuíram para o sucesso desse inestimável trabalho de pesquisa para que as futuras gerações conheçam a importância do Lítero. Merece todas as honras o empenho de seu Presidente, o dinâmico e competente Dr. Carlos Nina pela feliz iniciativa de celebrar esta data festiva, fazendo justa homenagem aos fundadores e ex-dirigentes da agremiação que ali se fizeram presentes ou representados.

Salve o Grêmio Lítero Recreativo Português! Parabéns a essa associação que viverá para sempre na memória daqueles que puderam ali viver bons e inesquecíveis momentos e das futuras gerações que conhecerão sua história através da grande obra lançada e do legado deixado pelos pioneiros que por ali passaram.

Concluo citando Luís Felipe Defim “nós somos hoje o que fomos ontem; vamos ser amanhã porque somos hoje”.

*Luiz Gonzaga Martins Coelho, Promotor de Justiça Titular da 40ª Promotoria de Justiça Especializada – 4º Promotor de Justiça da Infância e da Juventude do Termo Judiciário de São Luís (MA), ex-Procurador-Geral de Justiça e ex-Presidente da AMPEM.

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