sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Exemplo de amor e bondade


Carlos Nina


Ao voltar de um júri em Matinha, entrei em Viana para visitar o amigo Gerson de Oliveira Costa, pessoa generosa, pai amoroso, excelente caráter, humilde, conversa agradável. Pura emoção. Encontrei-o em sua farmácia, atendendo as pessoas que o procuravam, pelo profundo conhecimento que possuía sobre medicamentos, dada sua longa experiência como representante de laboratórios e proprietário de farmácias em São Luís, Bacabal e Viana.

Partiu antes de Maria de Lourdes de Carvalho Costa, D. Lourdinha, sua esposa. O casal dividia-se entre Viana e São Luís. Mas foi em Viana que ela realizou um belo trabalho social, acolhendo e orientando jovens gestantes carentes, que se transformou, ao longo de décadas, numa instituição respeitada, a Fundação Beneficente São Sebastião, onde educou e preparou jovens, deu-lhes uma qualificação para sobreviverem e emergirem dos grilhões da pobreza e da miséria.

Respeitada e querida na cidade, foi procurada por partidos políticos dado o potencial eleitoral de seu trabalho, mas nunca se deixou seduzir por tais investidas. Não era, porém, alheia à política. Certa feita convidou-me para coordenar um debate entre os candidatos a prefeito da cidade, promovido pela Fundação.

Protagonista de longa e bela história de amor, dedicação e sacrifício, sua recente partida não entristeceu apenas Viana, mas aos que certamente ajudaria, se viva permanecesse, seus filhos, sua família, seus amigos, que a admiravam e tinham nela um porto seguro, ouvidos pacientes e palavras de conforto, fé, esperança e estímulo.

- Pessoas como D. Lourdinha não deveriam morrer. Fazem muita falta. Ela está à frente de nosso tempo, dizia Enide, minha esposa, que se encantava com a vitalidade, a alegria e a esperança de D. Lourdinha no trabalho social que realizava em Viana, no carinho, na dedicação e na atenção que dispensava a seus filhos, sua família, seus amigos. Admirava a essência de bondade, generosidade e seu jeito ímpar de aceitar e compreender cada pessoa como era, sem criticar ninguém. Onde havia conflito, fomentava o entendimento e a união.

Sua família, apesar de sempre preocupada com sua dedicação à sua obra social em Viana, nunca lhe foi um obstáculo. Por mais que tentou, Seu Gerson não conseguia impedi-la dos riscos de ir na garupa de motos sobre as pedras e a piçarra em Viana para cuidar dos interesses da Fundação. Nem seus filhos puderam zangar-se quando lhe mandaram farto material de construção para que reformasse sua casa, em São Luís, e ela o despachou para Viana, para ser usado na manutenção da Fundação.

D. Lourdinha deixou um belo legado de amor e bondade no coração, na alma e na lembrança de seus filhos, amigos e daqueles a quem ela ajudou e propiciou uma chance de sobreviver com dignidade.

Carlos Nina
Advogado

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