sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Investigação da Polícia Civil fecha laboratório clandestino de medicamentos em Itapecuru

No local, sem qualquer estrutura, farmacêutica manipulava produtos, 
como injetáveis, sem autorização de órgãos como Anvisa 

Um estabelecimento farmacêutico clandestino foi fechado, na manhã desta quinta-feira (16), em Itapecuru-Mirim, após investigação da Polícia Civil do Maranhão que resultou em fiscalização conjunta entre a Vigilância Sanitária Estadual e o Conselho Regional de Farmácia. No local foram constatadas irregularidades sanitárias, administrativas e penais na fabricação, armazenamento e manipulação de produtos farmacêuticos, sem qualquer autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A inspeção ocorreu em um imóvel localizado na Rua Mariana Luz, no Centro da cidade, onde funcionava um laboratório de manipulação de medicamentos. O local mantinha uma fachada que permanecia fechada, enquanto na parte superior do imóvel, em duas salas, a responsável manipulava todos os produtos, muitos dos quais vendidos para outros estados.

A proprietária é farmacêutica por formação. Ela havia aberto um estabelecimento com o mesmo fim em Minas Gerais, de onde ela é natural. Lá também foi descoberto o esquema e o estabelecimento foi fechado.

Os medicamentos produzidos em Itapecuru eram etiquetados como se tivessem origem em Minas. A ação teve como ponto de partida denúncias anônimas sobre a produção e comercialização irregular de medicamentos, incluindo substâncias controladas.

Durante a vistoria, as equipes verificaram que o estabelecimento atuava sem Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) e Autorização Especial (AE), emitidas pela Anvisa, além de não possuir licença sanitária vigente. Também foi constatada a ausência de farmacêutico responsável técnico, conforme exige a legislação sanitária e profissional.

No interior do imóvel, os agentes encontraram matérias-primas vencidas desde 2019, entre elas substâncias como canabidiol, além de medicamentos injetáveis e cilindros de gases médicos, armazenados de forma irregular, sem condições adequadas de higiene ou segurança. O espaço apresentava risco de incêndio e explosão por conter materiais inflamáveis e não possuía certificado do Corpo de Bombeiros.

Outras substâncias encontradas são medicamentos controlados, como éter, clonazepam, procaína, ácido sulfúrico e testosterona. Os produtos, sem o controle adequado, podem causar graves danos à saúde e morte.

O laboratório funcionava de forma irregular há cerca de um ano, realizando manipulação e comercialização de medicamentos, inclusive com envio de produtos para outros estados e até países. Quadros no escritório mostram a relação dela com países como China e Itália.

A responsável pelo local já havia sido advertida anteriormente pela Vigilância Sanitária e chegou a solicitar regularização junto aos órgãos competentes, mas o pedido foi negado.

A empresa, que tem CNPJ cadastrado com atividade fim de farmácia de manipulação e injetáveis, mantinha cinco funcionárias, que foram ouvidas durante a ação. No momento da fiscalização, foram lavrados o Termo de Infração, o Termo de Interdição e o Termo de Fiscalização, resultando na interdição total do estabelecimento.

Todo o material apreendido foi catalogado e será encaminhado ao Instituto Laboratorial de Análises Forenses (Ilaf) e ao Instituto de Criminalística (Icrim), responsáveis pelos exames periciais que irão subsidiar o inquérito policial.

A conduta apurada pode configurar crimes previstos no artigo 273, §1º-B, inciso II, do Código Penal, que trata da fabricação e depósito de medicamentos sem autorização dos órgãos de vigilância sanitária, além de infrações descritas nas Leis nº 5.991/1973, 6.437/1977, 6.360/1976 e 11.343/2006, relacionadas à saúde pública.

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