quinta-feira, 16 de junho de 2016

Tabela em delação de Machado cita propina de R$ 400 mil para Sarney Filho

Ministro do Meio Ambiente teria recebido parte de dinheiro destinado ao pai.
Ex-presidente da Transpetro detalhou à Lava Jato pagamentos a 20 políticos.

Nathalia Passarinho
Do G1, em Brasília
Uma tabela que consta da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que teve o sigilo derrubado nesta quarta-feira (15), fala em pagamento de R$ 400 mil de dinheiro de propina ao atual ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho.
Em nota, o ex-ministro nega ter recebido recursos ilegais e ataca Machado. “Dizer que doações oficiais, amplamente publicizadas e aprovadas pela justiça eleitoral, seriam produto de vantagens indevidas, pedidas por meu pai, é muito fácil para um picareta que, como ele, não teve o pudor de usar seus três filhos na roubalheira bilionária que promoveu”, diz.
Machado firmou acordo de colaboração com o Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Lava Jato. A delação, de 400 páginas, foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Aos investigadores, Machado diz que pagou propina a 20 políticos de seis partidos. Indicado para a Transpetro pelo PMDB, ele contou ter repassado R$ 100 milhões ao partido, dos quais R$ 18,5 milhões teriam sido pagos ao ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB), pai de Sarney Filho.
No termo de delação que trata da propina a José Sarney, há uma tabela que discrimina esses repasses e que aponta que, dos R$ 18,5 milhões, R$ 400 mil teriam sido repassados, em 2010, ao atual ministro do Meio Ambiente, em forma de doação oficial a campanha. O dinheiro, porém, é proveniente, segundo Machado, de propina de contratos da Transpetro com empresas como a Camargo Corrêa e Queiroz Galvão.
No texto que divulgou para se defender, Sarney Filho se refere ao delator como “monstro moral”. “Vi esse marginal várias vezes na casa de meu pai, de quem se dizia amigo, porém nunca conversamos nada que levantasse de minha parte a menor suspeita sobre o bandido que ele é”, afirma.
Procurado por José Sarney
Não há detalhes, na delação, sobre como esse dinheiro foi negociado e se Sarney Filho participou das tratativas. Na delação, Machado afirma que foi procurado por José Sarney em 2006.
No encontro, o ex-senador teria relatado “dificuldades em manter sua base política no Amapá e Maranhão, e pediu ajuda”. O primeiro repasse, conforme Machado, foi de R$ 500 mil em espécie. A partir de 2008, os pagamentos passaram a ser anuais.
Do total de R$ 18,5 milhões, R$ 2,25 milhões foram pagos por meio de doação oficial pelas empresas Camargo Corrêa e Queiroz Galvão. É desse montante que saíram os R$ 400 mil a Sarney Filho. O restante, R$ 16,25 milhões, foi entregue em dinheiro vivo a José Sarney, ao longo de oito anos, segundo Machado.
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Responsável pela defesa de José Sarney, o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que ele nega “peremptoriamente” ter recebido qualquer valor, “a qualquer titulo”, de Sérgio Machado.
A Queiroz Galvão informou que não comenta investigações em andamento e que as doações eleitorais obedecem à legislação. A Camargo Corrêa disse com a justiça por meio de um acordo de leniência.
A Transpetro informou que analisa o conteúdo das delações de Sérgio Machado e de seus filhos, que é “vítima da prática de delitos” e que, como tal, será beneficiada pela multa a ser paga pelo delator. A empresa ressalta ainda que “atua em conjunto com a Petrobras e colabora com os Órgãos Externos de Controle, Ministério Público e Poder Judiciário”. (G1)

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