sábado, 27 de junho de 2020

Lava-Jato: procuradores deixam força-tarefa por interferência da PGR


Os procuradores Hebert Reis Mesquita, Victor Riccely Lins Santos e Luana Macedo Vargas deixaram o grupo da Operação Lava Jato na Procuradoria-geral da República, em Brasília, devido a uma divergência da PGR com a força-tarefa da operação no Paraná.

A saída dos três é uma reação ao pedido da coordenadora da Lava Jato na PGR, subprocuradora Lindora Maria Araújo, de acesso a dados das forças-tarefas da operação nos estados. A crise teve início nesta quinta-feira (25), e a atitude foi vista dentro do órgão como uma forma de apreender o material de trabalho da Operação.

Pelo Facebook, o antigo membro da Lava Jato no Paraná, Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou que sua família tem mais de 75 anos de Ministério Público e “nunca vi ou ouvi falar de tamanha infâmia.”

Por meio de nota a PGR afirmou que “não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava a obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos”.

Essa não é a primeira vez que Lindora entra em rota de colisão com os lavajatistas. Em maio, um integrante da Operação ouvido sob condição de anonimato pelo Congresso em Foco apontou que após ter assumido o cargo de PGR, Augusto Aras mandou, por meio da sub-procuradora, um ofício circular para as procuradorias dos estados para que o mantivesse informado sobre notícias de ilícitos envolvendo governadores. “Isso é óbvio, remeter para lá as notícias. O que aconteceu é que estava proativamente colhendo informações para uma ação específica, algo intencional, planejado, fora do padrão”, disse a fonte na época.

Membros da Lava Jato não têm poupado críticas à postura de Augusto Aras. Eles alegam que o PGR nunca chegou a atrapalhar a Operação, mas também nunca a apoiou. De acordo com Lima, a gestão de Aras desarmou o sistema de investigações de combate à corrupção que havia na procuradoria. “O PGR está entregando aquilo pelo qual ele foi escolhido. Tem cometido uma série de erros na condução”, avalia.
Congresso em Foco

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