segunda-feira, 18 de novembro de 2019

A vitória da Bandeira Nacional

Carlos Nina*

Há milênios os exércitos romanos usavam estandartes como símbolo de sua identidade. Alpinistas enfrentaram encostas íngremes, ventos fortes e neve para afixar a bandeira de seus países nos elevados picos das montanhas que escalaram. A Revolução Francesa fixou as cores de suas faixas verticais: vermelha, branca e azul (depois invertidas para azul, branca e vermelha). Com a contribuição do poeta Alphonse Lamartine (1790-1869) foram mantidas na República, contra a tentativa dos que, em 1848, tentaram mudá-la por uma totalmente vermelha.

As lutas de colonização contrapuseram flâmulas que conduziam seus combatentes. Filmes como O Patriota exploraram o significado e a importância da bandeira. Os Estados Unidos, que difundem intensamente sua bandeira, vivenciaram a guerra de flâmulas dezenas de vezes. A primeira, para expulsar a dos colonizadores ingleses. Inúmeras outras, contra povos indígenas do continente; na guerra fraticida de Secessão; contra os mexicanos, pela conquista da Califórnia. Fora do território americano, na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. Na Indochina, no Vietnã, na Coréia. Também fincaram sua bandeira na Lua.

No Oriente, a mesma coisa. Os kamikazes arremessavam seus aviões contra os navios dos Aliados portando uma faixa branca na testa, com um sol no centro, simbolizando sua disposição para morrer na luta, como os samurais. A bandeira japonesa tem o Sol Nascente no retângulo branco.

No Brasil não foi nem é diferente. Desembarcando com a bandeira de colonizadores, os portugueses a tiveram substituída pelas do Império à do Brasil. Como na França, houve - e ainda há – os que tentaram avermelhá-la, para transformar o País num satélite do autoritarismo externo. Alimentaram-se de corrupção e da boa-fé dos que acreditaram na promessa de fácil distribuição de renda. Sórdida e miserável estratégia para seduzir e hipnotizar os ignorantes, a fim de que servissem de base de sustentação eleitoral e lhes assegurassem usufruir do luxo e da luxúria que o Poder lhes propiciava ao disporem dos bens da Nação como se pessoais fossem. Mas roubaram tanto que perderam a noção de seus próprios excessos. Baixaram a guarda. Deixaram que a baba da corrupção vazasse pelo ladrão.

Crentes de que os brasileiros só usassem a bandeira nos estádios de futebol, não esperavam que a indignação com tanta corrupção e impunidade os levasse a desfraldá-la nas ruas para combater a bandidagem. E o fizeram com tanta consistência que até as outras bandeiras foram escondidas e substituídas pela nacional, para enganar incautos. O gesto só significou oportunismo, falsidade e covardia.

Por isso é importante comemorar-se devidamente a Bandeira Nacional. Ela teve um papel importante na história do País e no recente grito de revolta. Mas é necessário que continue desfraldada, sob pena de não ter valido a pena a última batalha. O País continua em guerra contra a corrupção e a impunidade que remanescem em estertores de desespero. Esconderam suas bandeiras, mas continuam ameaçando a paz a que se referiu o poeta Bilac ao descrever o pavilhão nacional como “lindo pendão de esperança! Símbolo augusto da paz!”

*Advogado e jornalista. E-mail: carlos.nina@yahoo.com.br.

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