segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Charles Farias para sempre


Charles Farias na praça Gonçalves Dias. Era um grande admirador do poeta maranhense

Faleceu ontem Charles Farias, cearense há anos radicado em São Luís. Levado por Carlos Nina para ajudá-lo na produção e edição da Tribuna da Cidadania, página que Carlos Nina manteve durante anos no jornal Tribuna do Nordeste, Charles passou também a escrever artigos para o jornal, a convite do jornalista e editor José de Ribamar Gomes (Gojoba), e para um site de uma editora da qual ele era sócio, com o mesmo nome de Tribuna da Cidadania.
A editora teve curta duração, mas o suficiente para publicar dois livros: Cenas que ficam, de Wady Sauáia, e Pela Ordem, de Carlos Nina e Moreira Serra Júnior.
Para familiarizá-lo com a editoração, Carlos Nina contou com a ajuda de Melquíades Gomes, antigo companheiro do tempo de CN no Jornal Pequeno. Melquíades fez de Charles Farias um hábil editor no pagemaker, programa que facilitava a Carlos Nina enviar sua página pronta para inserção no Jornal. Muitas vezes Charles ajudou-me a editar minha coluna Espaço Aberto, à época também no Jornal Pequeno, para enviá-la pronta para a inserção no JP.
Fundador do Instituto Maria Aragão, Carlos Nina apresentou Charles Farias a seus dirigentes e logo conquistou a amizade das dirigentes daquela Instituição, Ironildes Vanderlei, Lúcia Nascimento, Silvia Parga e Manira Aboud, tendo contribuído para a publicação de um Caderno Especial sobre Maria Aragão e um folheto comemorativo dos 80 anos de vida de dona, Enide Moreira Lima Dino, presidente da Fundação Antônio Dino.
Fora recentemente procurado pelo advogado José Olívio de Sá Cardoso Rosa, levado por Carlos Nina, para fazer a revisão de textos inéditos que Olívio vai transformar em livro. Charles era conhecido pelo seu domínio da Língua Portuguesa, além de ser um crítico objetivo e direto sobre o que lia.
Incomodado pela corrupção e a violência, externou muitas vezes sua indignação em textos leves, com pitadas de fina ironia, pinceladas bem vivas em cores literárias que brotavam do seu cabedal de conhecimentos e referências a autores brasileiros.
O passamento de Charles Farias causou um profundo pesar a muitos amigos e mais acentuado aos seus familiares, mas as lembranças da sua sensibilidade para a culinária e a maneira alegre de ver a vida ficarão com todos para sempre. Charles Farias era casado com a senhora Edjelma Figueiredo e tinha quatro filhos.
Um dos projetos que mais entusiasmaram Charles foi conhecer Wady Sauáia, advogado e professor universitário já falecido, autor de inúmeros artigos, entregues pela família de WS a Carlos Nina para que os publicasse em livros. Carlos Nina convidou Charles para ajudar na produção e editoração do livro.
Abaixo, um texto de Charles sobre essa experiência:

WADY SAUÁIA, UMA CONTA DE ROSÁRIO

Da Série:MaRaVilhAsda Literatura Maranhense.
Fomos apresentados à produção literária do maranhense, de Rosário, Wady Sauáia, advogado, professor de Direito, membro da OAB, de onde foi seu Conselheiro Federal pelo Estado do Maranhão, escritor, poeta e cronista, pelo, também Advogado, Carlos Sebastião Silva Nina, o qual merece, posteriormente, uma resenha especial.
Todo o material nos chegou às mãos, em forma de recortes de jornais, da capital e do interior, como também de alguns originais do autor, e tivemos o privilégio de digitá-lo, com a curiosidade infantil de quem olha um presente que se queria ganhar em tempos.
Wady Sauáia, descendente direto de libaneses, joga-nos à cara essa maravilhosa capacidade que tem o estrangeiro de adaptação à nossa índole, ao nosso comportamento e ao nosso “brasilian way of life”. Como brasileiro nato e maranhense intimorato mostrou-nos, em suas crônicas, o Brasil desconhecido, aquele país mostrado por grandes cronistas em memoráveis textos e páginas espetaculares de nossa literatura. Só nos resta lamentar que este grande artista seja, ainda, pouco, ou muito pouco, conhecido fora de nossos limites intelectuais. Urge escancararmos para o país o alforge dourado da produção deste mestre. Mas, alvíssaras!, sentimos uma nuvem se deslocando nesse sentido. Poetas, escritores, cronistas os há, em profusão, para que sejamos incluídos no grande livro da literatura futura desse país, não desmerecendo nosso passado literário nas figuras de um Humberto de Campos, Ferreira Gullar, Bandeira Tribuzzi, Gonçalves Dias, Mata Roma, Urbano Santos e uma infinidade de autores, mortos e vivos, que floriram essa literatura. 
Assim como o Mestre Eugênio Martins de Freitas, no poema, Wady Sauáia é o maior cultor da forma, na crônica. Com sua capacidade sublime de se exprimir, de escrever, nos transmite, com a maior simplicidade (como é difícil ser simples!) um quadro maravilhoso como que pintado com o teclado de sua Rhemington.
Apraz-nos agradecer a sublime oportunidade, nos dada pelo Dr. Carlos Nina, de conhecer a obra (porque não o íntimo?) deste grande maranhense de Rosário, e convocarmos a todos que se interessem por boa literatura, a fazer o mesmo.

Charles Farias

(Do Blog de Aldir Dantas)

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