segunda-feira, 15 de abril de 2019

Fernando José de Sá Vale Serra

Faleceu sexta-feira (12/04/2019), no começo da manhã (06:30h), segundo notícia que me mandou por WhatsApp o amigo comum Argemiro Braga Guará, Fernando José de Sá Vale Serra, ou simplesmente Sá Vale, como era conhecido.

De geração anterior à minha, quando o conheci seu círculo de amigos era integrado por Eugênio Giusti, Manoel Ribeiro, Mário Salmer (Bazuca), Murilo Sarney, dos quais me tornei amigo, e outros de cuja amizade não privei, dentre os quais, Zé Leite e Marconi Caldas.

Inteligente e culto, autodidata, era um bom papo. Autor de sonetos de rara beleza, poesias e trovas de fino humor (a exemplo das que falam da Bilharina e a do FGTS) que compartilhava com seus amigos, tinha memória prodigiosa e conhecia como poucos a história de São Luís e de sua gente. 

Tinha domínio sobre a Língua Portuguesa. Aprovado em concurso para o Banco do Brasil, onde ficou pouco tempo, foi igualmente aprovado para o Banco da Amazônia, oportunidade em que convivemos mais de perto, trabalhando ambos na agência da Pedro II, onde construímos novas amizades, como José de Ribamar Gonçalves Bastos, Marcelo Matos Viana Pereira, Maria Frassinette Rayol Fontoura, Oton Leite Fernandes, Ubirajara Zoroastro Rodrigues Batista dentre outros igualmente queridos. 

Algumas vezes saímos do BASA, cujo expediente matinal terminava às 13h, e parávamos no bar do Hotel Central, marco entre as Praças Pedro II e Benedito Leite e ponto de encontro de amigos. A conversa ficava animada e se intensificava com a chegada de Carlos Cunha, Murilo Sarney e outros que a memória escondeu.

Lembro-me dos dois porque num desses encontros terminamos em Caxias, por sugestão de um deles, com Carlos Cunha, já tarde da noite, declamando poemas seus e de outros poetas de sua predileção.

Levado pelo amigo Manoel Ribeiro para a Câmara Municipal de São Luís, ali prestou inestimáveis serviços e onde ainda é lembrado com respeito e carinho.

Passou depois a frequentar o Shopping São Luís com um grupo de amigos, dentre os quais Hildebrando Nunes Lopes Filho, Jesus Guanaré e Luiz Alfredo Bandeira. 

Sempre que nos encontrávamos gostava de contar aos que não sabiam, ou repetir aos que sabiam, algumas de nossas histórias comuns, especialmente uma visita que me fez, numa sexta-feira, e que terminou no domingo, depois de muita conversa, à qual outros amigos se agregavam ao longo desses dias, como Aldir Ferreira Dantas e Domingos Barros, sustentada por uma respeitável pescada encontrada no mercado de peixe, no velho prédio da Rua Antônio Rayol, em frente à casa do Coronel Arlindo Faray, regada ao gaúcho Bordeaux.

A outra foi um encontro na Praça João Lisboa, no abrigo, no quiosque de Adauto, ainda hoje atendendo sua clientela no mesmo ponto onde Ribamar Bogéa colocava o seu toca fita para o ouvirmos interpretando os cantores de sua preferência. Eram duas horas da manhã, hora em que deixava a redação do Jornal Pequeno, como o fazia rotineiramente, às vezes na companhia do próprio Ribamar Bogéa, Aldir Dantas, Eloy Cutrim e Luiz Vasconcelos.

Estava no Abrigo, na tranquilidade da boemia segura daquele tempo, conversando com Eugênio Giusti, quando Fernando surgiu dirigindo o Aero Willys de Carlos Cunha. Dali saímos para outras histórias memoráveis, como tantas outras de Fernando e seus amigos, das quais uma delas é a visita que fizeram a amigo recém casado e que não estava para recebê-los. Aproveitaram o ensejo e rearrumaram o layout dos móveis e foram embora.

Não fui ao seu velório. Não porque, como argumentava Didi (Diomedes) Pereira, amigo de meu pai e ex-prefeito de Turiaçu e de São José de Ribamar, ele não vai ao meu. Mas porque a distância (espaço) dos últimos tempos nunca afetou o bem querer mútuo e a tristeza venceu minha vontade de ir.

Resta-me a lembrança dos bons e divertidos momentos que compartilhamos.


Carlos Nina

Nenhum comentário:

Postar um comentário