quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Nutricionistas e pediatras pedem aprovação de projeto que proíbe refrigerante em escolas

A medida, em análise na Câmara há 12 anos, pode ajudar a combater o problema da obesidade na população brasileira, já considerada uma epidemia pelos especialistas

Nutricionistas, pediatras e organizações não governamentais fizeram apelo para que a Câmara dos Deputados aprove o projeto de lei que proíbe a venda de refrigerantes nas escolas de educação básica públicas e privadas (PL 1755/07). Apresentado pelo deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) há 12 anos, a proposta já foi analisada pelas comissões e aguarda votação pelo Plenário.

Em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família nesta quinta-feira (17), especialistas destacaram a importância da medida para combater o que chamam de “epidemia” de obesidade na população brasileira.
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Mesmo com o compromisso de grandes marcas de refrigerantes de não venderem o produto em escolas, debatedores alertam que ele continua a ser vendido

Vice-presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, Nancy de Araujo Aguiar informou que entre 1974 e 2009 a obesidade aumentou mais de seis vezes entre crianças de 5 a 9 anos. Segundo ela, os últimos dados, ainda de 2009, apontam mais de 30% das crianças com obesidade ou sobrepeso.

“Da maneira que está caminhando em 2022 vamos ter, entre as crianças do sexo masculino de 5 a 9 anos, em torno de 46,5% de obesidade e, entre as meninas, em torno de 38% - ou seja, a gente está se aproximando para quase metade das crianças com obesidade”, alertou. “Isso é bastante preocupante, porque elas vão precisar de atendimentos complexos, o que vai inclusive impactar no financiamento da saúde.”

Alimentos ultraprocessados

A nutricionista atribui grande parte do problema ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, biscoitos e bebidas açucaradas, que muitas vezes são mais baratos do que os alimentos in natura. “O brasileiro cada vez mais reduz o consumo de alimentos básicos e os substitui por alimentos ultraprocessados”, disse. “As pessoas que consomem esses alimentos têm chance 37% maior de serem obesas.”

Por isso, o Conselho Federal de Nutricionistas apoia a regulamentação da venda de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados nas escolas. Segundo ela, este é um espaço privilegiado para a formação de valores e hábitos saudáveis. Ela acrescentou que 32,3% das crianças menores de 2 anos já consomem refrigerantes ou sucos artificiais e que o refrigerante é a sexta bebida mais consumida entre os adolescentes brasileiros.

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