sábado, 29 de setembro de 2018

Entre o caos e a esperança

Carlos Nina*

A campanha eleitoral deste ano, salvo engano de percepção pessoal, parece ter posto no ar uma sensação coletiva com misto de esperança, temor e incredulidade diante das propostas apresentadas pelos candidatos.
No seio das pessoas envolvidas nas campanhas prevalecem ignorância, intolerância, radicalismo, raiva – senão ódio – e violência.
Opiniões divergentes já não toleradas, nem respeitadas. São atacadas com virulência, ofensas e insultos. Não há argumentação razoável, sequer responsável, senão mentiras, distorções de fatos. Um verdadeiro vale-tudo. Entre candidatos. Entre eleitores. Há os que se divertem e fazem piadas.
As redes sociais tornaram-se meios de comunicação saturados, estressantes. Abrir seus aplicativos e páginas pessoais desafia o autocontrole, para não se perder entre o que se pretendia fazer e as mensagens acumuladas e as que se anunciam a cada momento.
O que acontecerá após as eleições é uma incógnita. Uma certeza é inexorável. Dependerá dos eleitores, salvo se tiverem procedência as denúncias de fraude e corrupção no processo eleitoral. Da manipulação da mídia, das pesquisas e das urnas eletrônicas às manobras no Poder Judiciário.
Onde está a verdade?
Não importa mais. Está perdida nesse emaranhado de mentiras que ganhou até versão sofisticada - “fake news”-, sem perder a eficiência danosa que causa na opinião individual e coletiva.
No confronto das acusações, os radicais apontam defeitos nos candidatos adversários, mantendo-se cegos quanto aos vícios que maculam a história de seus escolhidos. Mesmo as denúncias e provas de corrupção, confirmadas até com a devolução de parte do roubo, são ignoradas.
Enfim, não disporão os eleitores de informações isentas, quer por causa do comprometimento da mídia, quer pelas distorções impostas pela batalha de mensagens.
O que mais assusta, para quem sabe o que isso significa, é a continuidade da destruição dos valores da educação infanto-juvenil, da família, do trabalho, da livre iniciativa, da liberdade de pensamento e religiosa. Assusta mais porque os arautos dessas medidas estão fazendo esses discursos como parte de campanha, sem desmentidos de seus candidatos. Estão, portanto, autorizados a anunciar esses desastres.
É isso que parece estar em jogo nas próximas eleições. Não vejo, como alguns, um confronto de ideologias. Estas nada mais são do que rótulos para enganar falsos intelectuais e encobrir interesses escusos, pessoais ou de grupos. A disputa será entre a esperança e o caos anunciado.
Se tivéssemos uma disputa apenas para escolher novos dirigentes honestamente comprometidos com o bem estar da população e o desenvolvimento do País, não importaria o escolhido, pois seus objetivos seriam o mesmo e isso, naturalmente, os levaria a unir-se para esse fim, passadas as eleições.
Essa não é a realidade. Interesses partidários e pessoais espúrios continuarão a prevalecer. A paz, portanto, não dependerá apenas dos eleitos, mas, acima de tudo, dos eleitores. Pelas escolhas que fizerem e pelo que farão após essas escolhas.

*Advogado

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