sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Dono da Constran acusado de pagar propina à cúpula do governo Roseana é preso na Operação Lava a Jato da Polícia Federal

Justiça decreta prisão de presidentes de 5 empresas na Operação Lava Jato
Ricardo Pessoa. Preso na manhã desta sexta-feira (14) pela PF. Ele é acusado de pagar propina à cúpula do governo Roseana. Foto: Zanone Fraissa/Folha de São Paulo



O Presidente da Empreiteira UTC/Constran Engenharia, Ricardo Pessoa, foi preso nesta sexta-feira (14) durante mega operação da Polícia Federal, que investiga o escândalo de desvio de dinheiro Público na Petrobras.
Segundo as investigações da PF, Ricardo Pessoa pediu que o doleiro Alberto Youssef – preso em São Luís quando trocava malas de dinheiro com um funcionário de Roseana – subornasse o governo do Maranhão oferecendo R$ 6 milhões. Em troca, a empresa furaria a fila de pagamentos judiciais e receberia, antecipadamente, R$ 120 milhões em precatórios, que são dívidas de governos reconhecidas pela Justiça. Por ter negociado o acordo, Youssef receberia R$ 12 milhões.
A prisão de Ricardo Pessoa deixa a cúpula do governo Roseana em uma situação delicada. A exemplo de Yousseff, o empresário deverá receber a proposta de delação premiada, que prevê a redução de pena em caso de colaboração voluntária com a justiça, o que inclui a delação de outros possíveis membros da quadrilha.
Relembre os membros da cúpula do governo do Estado, citados na investigação da Polícia Federal como líderes do esquema de suborno envolvendo o doleiro Alberto Yousseff e Ricardo Pessoa da construtora Constran:

Roseana Sarney
A governadora do Maranhão aparece no depoimento de Meire Poza como a responsável por analisar os valores de suborno repassados à cúpula do governo do Estado. A contadora diz que Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, foi ao governo do Maranhão entregar R$ 300 mil, que seriam parte do acordo entre o doleiro Yousseff, a construtora Constran e o governo do Maranhão. Segundo Meire, um assessor teria dito a Adarico que o valor era pouco e que teria que consultar a governadora Roseana Sarney.

Entre os executivos que tiveram a prisão preventiva ou temporária decretada pela Justiça Federal, a pedido da Polícia Federal durante a sétima fase da Operação Lava Jato, estão presidentes de cinco companhias: da OAS, da Camargo Corrêa Construções, da Iesa Óleo e Gás, da UTC e da Construtora Queiroz Galvão.
Essas empresas, juntas com as outras envolvidas, têm contratos que somam R$ 59 bilhões com a Petrobras, considerando o período de 2003 a 2014. Segundo as investigações, parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país.
Valdir Lima Carreiro (Iesa), José Aldemário Pinheiro Filho (OAS) e Ricardo Ribeiro Pessoa (UTC) estão presos. Dalton dos Santos Avancini (Camargo Corrêa) e Ildefonso Colares Filho (Queiroz Galvão) não foram localizados pela polícia até as 15h30 desta sexta-feira (14).
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas sedes das seguintes companhias: Camargo e Corrêa, OAS, Odebrechet, UTC, Queiroz Galvão, Engevix, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Iesa.
Integrantes do governo, segundo a Folha apurou, consideram que a operação atinge o "coração dos financiadores de campanha".
Foram bloqueados R$ 720 milhões dos executivos investigados, até o limite de R$ 20 milhões por pessoa. Não houve bloqueio das contas das empresas, para não prejudicar a saúde financeira delas.
Os pedidos de prisão –temporária, de cinco dias, ou preventiva– também envolvem diretores, atingindo a cúpula das companhias.
Ao todo, foram emitidos mandados de prisões preventivas e temporárias contra 27 pessoas, dos quais 18 já haviam sido cumpridos na manhã de hoje; e 9 de condução coercitiva -quando a pessoa é levada para prestar depoimento obrigatoriamente-, dos quais 6 já foram feitos.
Confira, abaixo, os pedidos feitos por empresa quem foi preso até o meio da tarde desta sexta.

OAS

José Aldemário Pinheiro Filho, presidente (prisão temporária e busca e apreensão)PRESO
Mateus Coutinho de Sã Oliveira (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Alexandre Portela Barbosa, advogado (prisão temporária e busca e apreensão)PRESO
Fernando Augusto Stremel Andrade (condução coercitiva e busca e apreensão)
Pedro Morollo Junior (condução coercitiva e busca e apreensão)
Busca e apreensão na sede da empresa
CONSTRUTORA OAS
José Ricardo Nogueira Breghirolli (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
Agenor Franklin Magalhaes Medeiros, diretor-presidente da área internacional (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
CAMARGO CORRÊA
Eduardo Hermelino Leite, vice-presidente (prisão preventiva e busca e apreensão)
Ildefonso Colares Filho (busca e apreensão)
Edmundo Trujillo (condução coercitiva e busca e apreensão)
Busca e apreensão na sede da empresa
CONSTRUTORA CAMARGO CORRÊA
João Ricardo Auler, presidente do Conselho de Administração (prisão temporária e busca e apreensão)
Dalton dos Santos Avancini, presidente (prisão temporária e busca e apreensão)
UTC
Ricardo Ribeiro Pessoa, presidente (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Ednaldo Alves da Silva (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Walmir Pinheiro Santana (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Busca e apreensão na sede da empresa
ENGEVIX
Carlos Eduardo Strauch Alberto, diretor técnico (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Newton Prado Junior, diretor técnico (prisão temporária e busca e apreensão)PRESO
Gerson de Mello Almada (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
Cristiano Kok (condução coercitiva e busca e apreensão)
Luiz Roberto Pereira (busca e apreensão)
Busca e apreensão na sede da empresa
IESA
Valdir Lima Carreiro, presidente (prisão temporária e busca e apreensão)
Otto Garrido Sparenberg, diretor de operações (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Busca e apreensão na sede da empresa
IESA ÓLEO E GÁS
Busca e apreensão na sede da empresa
CONSTRUTORA QUEIROZ GALVÃO
Ildefonso Colares Filho, presidente (prisão temporária e busca e apreensão)
Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Vital Engenharia (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Busca e apreensão na sede da empresa
GALVÃO ENGENHARIA
Erton Medeiros Fonseca, presidente da divisão de engenharia industrial (prisão preventiva e busca e apreensão) PRESO
Busca e apreensão na sede da empresa
MENDES JUNIOR
Sergio Cunha Mendes, vice-presidente (prisão preventiva e busca e apreensão)
Ângelo Alves Mendes (condução coercitiva e busca e apreensão)
Rogério Cunha de Oliveira (condução coercitiva e busca e apreensão)
Flávio Sá Motta Pinheiro (condução coercitiva e busca e apreensão)
Busca e apreensão na sede da empresa
ODEBRECHT
Marcio Faria da Silva (busca e apreensão)
Rogério Santos de Araujo (busca e apreensão)
Busca e apreensão na sede da empresa
Outros nomes estão envolvidos na operação, mas não estão identificados com alguma empresa. É o caso de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras apontado por procuradores e policiais como o principal operador do PT nos desvios da empresa e que foi preso hoje.
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Petrobras, entrou na lista de procurados da Interpol e do sistema nacional de procurados e impedidos. A PF tinha um mandado de prisão, mas não conseguiu localizar o suspeito de envolvimento em desvios da estatal.
O advogado dele, Mario de Oliveira Filho, ainda não tinha a definição se seu cliente vai se entregar à Polícia Federal. "O que posso dizer é que Fernando mora no Rio de Janeiro. Não está fora do país, como disseram algumas notícias absurdas. Estou em contato direto com ele", disse.
Confira os outros envolvidos. 
Luiz Roberto Pereira (condução coercitiva)
Jayme Alves de Oliveira Filho, ligado a empresas de Alberto Youssef (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Carlos Alberto da Costa e Silva, advogado que atua para empreiteiras (prisão temporária e busca e apreensão) PRESO
Adarico Negromonte FIlho, irmão do ex-ministro do Turismo Mário Negromonte (prisão temporária e busca e apreensão)
Marice Correa de Lima, cunhada de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT (condução coercitiva e busca e apreensão) (Folha oline)

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