quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Professores defendem mudança na medida provisória que propõe reajuste anual nos salários da categoria

Os professores da rede pública estadual propuseram em audiência pública realizada, na tarde desta quarta-feira (22), no auditório Fernando Falcão da Assembleia, a modificação da Medida Provisória nº 230/17, em tramitação nesta Casa, que dispõe sobre o reajuste dos salários dos professores. Eles defendem que o reajuste seja o estabelecido pela “Lei o Piso” e incida sobre o vencimento e não a gratificação, como dispõe a proposta do Poder Executivo.
Os deputados Wellington do Curso (PP), Eduardo Braide (PMN) e Max Barros (PMDB), líder do Bloco Independente, coordenaram os trabalhos juntamente com o professor José Saturnino, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o vereador Professor Sá Marques (PHS), de São Luís, e Antonísio Furtado, representando os professores da rede estadual.
“Nós recebemos inúmeros pedidos de professores para que realizássemos uma audiência pública com o objetivo de debater a MP 230/17, que propõe uma forma de reajuste do salário dos professores diferente do estabelecido no artigo 32 da Lei nº 9.860/17 – Estatuto dos Professores. Por isso, estamos aqui para realizar um debate profundo sobre essa questão e apresentar propostas para aperfeiçoar a MP/17”, esclareceu o deputado Wellington do Curso, autor do requerimento que propôs a audiência pública, juntamente com o deputado Eduardo Braide.

DIVERGÊNCIA COM A DIREÇÃO DO SINPROESEMA
“A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estaduais e Municipais do Estado do Maranhão (SINPROESSEMA) está dizendo que a categoria aprovou as alterações apresentadas pelo Poder Executivo na MP 230/17. Isto não é verdade. Sequer a direção de nosso sindicato chamou a categoria para ouvi-la, para apresentar a Medida Provisória. Em nenhum momento, a direção do sindicato fez esse debate conosco. Vamos construir uma proposta e apresentar em forma de emenda à MP/230”, disse Antonísio Furtado.
Para Kátia Maria de Almeida Ribeiro, 48 anos, professora da Escola Rosilene Silva Costa, no bairro do Coroadinho, concursada desde 1994, a proposta do Governo do Estado é arbitrária, ilegal, fere dispositivos constitucionais como a Lei do Piso e a própria Constituição, fere o Estatuto dos Professores e jurisprudência consolidada do que seja revisão de salário de professores. “A categoria não foi consultada e a direção do SINPROESSEMA tomou uma decisão unilateral, sem nos ouvir. Nós, professores da base do sindicato, estamos nos mobilizando para apresentar uma alteração na MP 230/17 que garanta o nosso direito de ter nosso reajuste conforme estabelecem as leis. Desde 2016 que estamos sem reajuste”, acrescentou.

POSIÇÃO DOS DEPUTADOS
O deputado Eduardo Braide afirmou que é importante ouvir a categoria sobre essa proposta que trata da recomposição salarial dos professores e que participa desse debate não só como deputado, mas também como membro titular da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), pela qual deverá passar a MP/230 ante de ir à Plenário. “Qualquer modificação sugerida na MP/230 terá o nosso voto, a nossa participação e o nosso apoio. Defendemos que esse reajuste não incida sobre a gratificação, como propõe a MP/230, mas sim sobre os vencimentos”, frisou.
De acordo com o deputado Max Barros, a Assembleia cumpre com o seu papel quando se abre para debater a questão do reajuste do salário da categoria dos professores da rede estadual. “Aqui é o local de se fazer o debate para que o Estatuto dos Professores não seja burlado. É possível aprimorar a proposta apresentada na MP 230/17. A participação de cada um de vocês é muito importante”, defendeu.
“Não estamos afrontando ninguém, mas lutando por direitos e exercendo nossa cidadania”, argumentou o deputado Wellington do Curso, ressaltando que está deputado, mas que é professor com muita honra. “Entendemos que o diálogo, o debate precisa ser estabelecido para se chegar uma proposta capaz de aprimorar a MP/230”, pontuou.

DEBATE
O professor da rede pública municipal, estadual e particular, Ranisés Magno, defendeu a incorporação da Gratificação Anual do Magistério (GAM) ao salário e protestou contra a falta de diálogo por parte do sindicato e do governo. “ Eles não querem nos ouvir. A maior prova disso é a ausência deles nesse debate. É hora de acabar com a GAM. Temos que incorporá-la ao nosso salário”, argumentou.
Por sua vez, o professor Marcelo Pinto, rebateu os argumentos do governo de que não concede o reajuste no de 11,5%, que a Lei nº 11.738/11 estabelece porque não tem recurso e que com o reajuste nesse percentual ultrapassaria o teto permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal para despesas com pessoal. “Isto não é verdade. O Orçamento do Governo do Estado de 2017 teve um acréscimo de um bilhão e meio e a folha de pessoal está no patamar de 39%. Mas o orçamento da educação só aumentou 1,5 este ano, enquanto o da área de comunicação aumentou 34%”, assinalou.
Marcelo Pinto afirmou que o governo Flávio Dino não está cumprindo as leis que asseguram os reajustes da categoria. “Nosso reajuste de 2016 deveria ser de 11,5% e não foi dado. Agora propõe um reajuste de 7,5 em cima da GAM e ainda propõe a extinção de várias referências de nossa carreira. Querem nos tirar direitos. Não podemos aceitar isso! O que temos que pedir é o reajuste de 19,87”, defendeu.

ENCAMINHAMENTO
Foi deliberado que os professores apresentem uma proposta de emenda à MP/230 propondo a incidência do reajuste em cima do vencimento e o percentual de reajuste do salário, conforme estabelecem as Leis nº 11.738/11 e nº 8.906/03 (Estatuto dos Professores).

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