quarta-feira, 31 de maio de 2017

Novo ministro da Justiça não descarta a troca do diretor da PF

BRASÍLIA - O novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou nesta quarta-feira, durante entrevista coletiva, que o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, está sob avaliação no cargo. Torquato disse que não descarta a mudança no comando da instituição, responsável pelas ações da Operação Lava-Jato, mas que precisa de tempo para se inteirar sobre o ministério, inclusive a respeito da Polícia Federal.
O ministro ressaltou, contudo, que em nenhuma de suas recentes declarações revelou intenção de interferir na investigação. Ele repudiou, ainda, afirmações de que, como ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, assumiria o ministério para influenciar o julgamento referente à cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.
Torquato adiantou que fará uma viagem oficial de trabalho ao Rio Grande do Sul nesta sexta-feira com Daiello, quando terá a oportunidade de conversar por várias horas com o chefe da Polícia Federal, a fim de se inteirar mais sobre a atuação da instituição.
Mas, além de admitir a possibilidade de substituir Daiello, Torquato afirmou, na mesma entrevista, que o fato de ele estar no cargo há seis anos “não é relevante” para mantê-lo na função.
“A Lava-Jato é um marco civilizatório do Brasil, e sobre a polícia federal, vou conversar, vou dialogar”, afirmou. O ministro reiterou, contudo, seu compromisso com a Lava-Jato. [A investigação] é uma oportunidade única de se criar uma nova ética pública no Brasil, é uma vontade de Estado, não de governo”, reforçou.
Jardim disse que adotará com a nova pasta os mesmos cuidados utilizados quando assumiu o Ministério da Transparência, há um ano. Disse que passou mais de dois meses conversando com servidores e conhecendo o ministério e mudou apenas quatro chefias.
“É sugestão desfundamentada que eu viria para o Ministério da Justiça para influenciar a decisão do TSE”, protestou. “Se eu tivesse todo esse prestígio nos tribunais superiores eu não assumiria o ministério, eu montaria um escritório de advocacia, influenciar nos tribunais é função dos advogados das partes”, completou.
Ele não quis responder perguntas sobre o inquérito relativo a Michel Temer no STF. “Como prudência como ministro e advogado, quando conhecer a questão técnica, e a perícia, depois posso falar”, esquivou-se.
Ao final, questionado sobre sua experiência na área de segurança pública, uma das competências principais do MJ, Jardim ironizou: “Minha experiência é a de duas tias assaltadas e eu próprio, mas vou estudar muito sobre isso”. (Valor Econômico)

Nenhum comentário:

Postar um comentário