quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Suspensão do Maracap prejudica milhares de famílias maranhenses

Vendedoras do Maracap prejudicadas
A vendedora ambulante e cadeirante, Crescência Alves (61), mora com o marido, o mecânico Valdir Sousa, no bairro da Camboa, em São Luís (MA). Com sua cadeira de rodas que ganhou de presente ela garantiu muito mais que acessibilidade. Deu a ela a oportunidade de gerar renda à família com a venda recente de sucão, bolos e dos títulos de capitalização do Maracap, na Feira da Liberdade. Vendendo os referidos títulos ela chegou a tirar até R$ 1 mil reais por mês. Um dinheiro que hoje faz muita falta à família.
A medida judicial por tutela antecipada suspendeu a venda dos títulos e mexeu no orçamento doméstico de dona Crescência, como é conhecida, e o marido Valdir, impossibilitado de trabalhar em razão de um problema de saúde na perna. Igual a ela, outras 2.483 pessoas viram a sua renda familiar diminuir drasticamente. "A venda do Maracap me faz muito falta, porque minha conta de luz e telefone nunca tinha ficado pra pagar uma em cima da outra e agora ficou", relata ela com aparente preocupação.
No prêmio do dia dos pais, que teve o sorteio de oito veículos, ela vendeu 60 títulos e ainda pediu mais. "Vender o Maracap me faz muita falta. Tem cliente que pergunta quando é que vai voltar o sorteio. Eu respondo que estou orando a Deus para que não demore. Essa suspensão foi uma renda a menos pra mim", observa Crescência Alves. Moradora do bairro Planalto Anil 2, a vendedora ambulante Walkiria Araújo Barros (51) também disse que a venda dos títulos de capitalização Maracap era uma renda a mais para ajudar o esposo.
Mãe de duas filhas e avó de uma neta, ela informou que toda semana ganhava um dinheiro que dava para pagar as contas e que agora ficou com o orçamento familiar apertado. "A minha renda com a venda dos títulos do Maracap ajudava em tudo. Pagamento de contas, alimentação, eu tenho uma neta que mora comigo. Ajudava no transporte dela e da minha filha caçula para o colégio todos os dias", relata com saudosismo, Walkiria Barros.
"Com 51 anos não é fácil arranjar emprego com carteira assinada. Agora estou parada. Fiquei sem essa renda e só o meu esposo está trabalhando", explica Walkíria, que destacou ainda que tinha clientes fiéis. "Toda semana sempre iam comprar porque tinham muita confiança em nosso trabalho. A gente espera que volte porque era uma ajuda a mais na renda da minha família", observa a vendedora.
Segundo ela vários outros ambulantes que moram em seu bairro e vendiam o Maracap também ficaram sem renda. "A venda do Maracap ajudava muitos trabalhadores", garante a vendedora. A mesma opinião é compartilhada pela também vendedora ambulante Rosário de Fátima Brito (50). "Ajudava em tudo. Pagava minhas contas. Ajudava na alimentação, na educação da minha filha que está se formando", explica dona Rosário.
"E agora? Temos contas a pagar. Antes pagava nossas continhas em dia com a venda dos títulos. Agora ficamos no prejuízo", afirma dona Rosário. Para Josirene Lima (49) moradora do bairro de Fátima, em São Luís, e mãe de dois filhos, a venda do Maracap também faz muito falta. "Tem muitos pais que sustentavam suas famílias com essa renda e hoje estão em situação difícil, mesmo", comenta Josirene Lima.
O dinheiro que ganhava com a venda dos títulos do Maracap dava pra melhorar a alimentação, pagar o aluguel e as contas. "Agora as contas até já atrasam. A gente contava sempre com esse dinheiro. Muita gente ficou sem trabalho. Muita gente vivia só desse dinheiro. Como estão vivendo?", pergunta a vendedora. Ela destaca que também estimulou muitos outros ambulantes a se cadastrarem no Maracap para vender os títulos.
"Esse dinheiro era fruto do nosso trabalho. A gente estava lá era trabalhando firme. Eu quero é voltar a trabalhar com a venda do Maracap", diz Josirene Lima. Ana Karine Ferreira Cantanhede (29), mãe de dois filhos também vendia os títulos do Maracap no bairro do São Bernardo. "O Maracap é uma empresa séria. Ele foi muito importante na minha vida. Tinha uma renda legal e a suspensão praticamente quebrou minhas pernas", afirma Karine.
A vendedora afirma que teve vários ganhadores que compraram títulos em sua banca e isso aumentou muito mais seus clientes. "Eu vivia do Maracap. Pagava meu aluguel, fazia minhas despesas, pagava aula particular de meu filho. Ajudava meu pai. Garanto que é uma empresa séria", afirma Ana Karine, que trabalhou desde o começo do Maracap. Sem a renda das vendas ela foi obrigada a tirar o filho da aula particular.
"Tive muitos prejuízos financeiros. Meu aluguel venceu e estou tentando pagar. Minha conta de luz atrasou. Meu cartão atrasou. Antes eu pagava minhas contas em dia, através do Maracap. Toda semana tinha minha renda e agora acabou", relata a vendedora. A suspensão do Maracap ameaça ainda com risco de demissão 33 funcionários com carteira assinada em regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), e deixar sem trabalho e renda mais 64 prestadores de serviços (autônomos), 19 representantes comerciais, 1.585 pontos de vendas e mais 782 ambulantes.

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